2018
Tempo do Advento
Mensagem para o Tempo do Advento.
Pe Dr. E. Batalha
O termo “Avento” se origina do Latim com o significado “Vinda”, “aproximação”, “chegada”. E com o Advento se inicia sempre um outro ciclo litúrgico, ano litúrgico e neste caso de agora o ano “C” tendo como proposta de meditação o Evangelho de São Lucas.
No Advento temos a proposta de uma preparação mais efetiva para a festa cristã do natal nascimento do salvador e sua vinda gloriosa estas são as duas fontes da verdade que fundamentam a fé cristã, o nascimento do salvador em Belém e sua segunda vinda a “parusia”.
Neste tempo do Advento que consta de quatro semanas temos a divisão de duas formas ou dois momentos: neste primeiro que vai até ao dia 16 de Dezembro em que a igreja nos convida nestes dois domingos a essa reflexão sobre a segunda vinda de Jesus sua vinda gloriosa, do dia 17 em diante é a preparação para o nascimento do Salvador, o Natal. Por isso como o natal recorda o nascimento do salvador então o advento vem como tempo de reflexão para todos nós cristãos assim como era também para o povo de Israel. Nos evangelhos Sinóticos nos é proposto o tema da vigilância como espera do Messias que vem, por isso, estar preparado significa atenção ao mistério de Deus, pois saber qual o momento da vinda do Salvado certamente não contribuiria em nada para o reino e assim sendo, é muito importante que o homem participe deste mistério também por meio da reflexão, “preparai os caminhos do senhor endireitai suas veredas” Mc. 1,3. O que significa tudo isto para nós? Com certeza é um chamado à nossa conversão e à vida de santidade. E porque nos é exigida conversão? Porque o Pai nos ama e nos convida a participar de seu mistério na pessoa de filho. O pai que ama o filho quer o melhor para ele e Deus nos ama e exatamente porque nos ama nos chama à conversão e a vida de santidade independentemente de nossas fraquezas e dos nossos pecado, porém, não poderemos cruzar nossos braços e acomodar-nos, mas, é preciso que também façamos nosso esforço diário através do nosso contato com os ensinamentos da lei de Deus, com nossa fé profunda e com nossa oração diária.
A primeira vinda do Cristo já garante sua segunda vinda que é o complemento do grande mistério divino por isso o profeta Isaias quando fala: “ transformais todos os meus montes em caminhos e as minhas veredas serão implementadas” Is.49,11 de fato está a fazer referencia a essa conversão que devemos buscar com base no projeto de Deus. Portanto o Advento é também tempo de esperança.
O natal como tempo do nascimento do senhor nos convida à generosidade que já manifestamos de forma natural nos nossos relacionamentos com o próximo com familiares, mas é algo muito mais profundo, não mergulhemos nessa superficialidade de fazer o papel de bonzinhos algo muito típico deste tempo, mas procuremos de fato abri-nos a este projeto de Deus que nos convida realmente a conversão lembrando-nos de que Deus já nos deu tantos sinais de esperança para um novo anos que se aproxima, que façamos novos caminhos em meio aos desafios e contradições que o dia a dia nos impõe sem nos deixar enfraquecer com os desânimos devido aos sofrimentos e decepções.
Na época do nascimento de Jesus o mundo vivia sem conflitos sem guerras pois o império romano garantia a paz no universo chamava-se “pax romana”, paz imposta pela força o império mas de algum modo não correspondia à realidade certamente como nos tempos de hoje que se vive uma falsa realidade de paz principalmente aqui para nós na América Latina, no oriente médio, e que não é apenas uma guerra constante só das armas mas uma guerra de princípios morais, do materialismo e comercial e que tantas vezes nos ilude e tira nossa atenção do verdadeiro sentido do natal do Senhor, portanto procuremos não nos deixar enganar por tantas falsas ideologias e falso ensinamentos e doutrinamento que nos confundem as ideias. Deixemos com que o menino Jesus renasça em nossos corações e renovemos nossas esperanças no projeto de Deus e que este ano que se iniciará possa ser também um ano de muitas graças para todos os brasileiros, que o Espirito Santo de Deus abençoe a todos nós nesta grande nação e de modo especial nossa comunidade paroquial , as famílias, as crianças, os idosos e todo o povo que sofre. Deus Abençoe a todos!
Um feliz Natal a Todos e um bom ano de 2019!
Pe Dr. E. Batalha
2017
29º Domingo do Tempo Comum Dai a Deus, o que é de Deus!
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Celebramos, hoje, com toda a Igreja, o Dia Mundial das Missões, com o tema “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” e o lema: “Juntos na missão permanente”. Rezemos pelos missionários e missionárias presentes no mundo inteiro. Agradeçamos a Deus pelos inúmeros irmãos e irmãs que tem colaborado generosamente nas Visitas Missionárias, em nossa Arquidiocese. Como sinal de comunhão e corresponsabilidade, realiza-se hoje a coleta para as Missões, a ser enviada integralmente às Pontifícias Obras Missionárias para sustentar o trabalho missionário nas regiões mais carentes. Reze e participe da coleta missionária! Lembre-se que você também é chamado a ser missionário, através do testemunho cristão na vida cotidiana!
A Liturgia da Palavra deste 29º Domingo do Tempo Comum proclama que Deus é o Senhor da vida e da história e que o reconhecimento disso deve nos levar a “dar a Deus o que é de Deus!” O profeta Isaías proclama a soberania de Deus na história; não há outro deus ou senhor fora dele (Is 45,5). No episódio narrado por Mateus (Mt 22,15-21), Jesus supera a armadilha colocada pelos fariseus indo muito além da questão do pagamento dos impostos. Deus não pode ser substituído por César ou por ídolos que querem tomar o seu lugar, dominando as pessoas. As moedas romanas tinham a imagem de César: que sejam dadas a César! Na pessoa humana, está inscrita a imagem e semelhança de Deus, pois ao criar o homem, Deus disse: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança…” Por isso, o homem pertence a Deus, seu verdadeiro e único Senhor. É preciso dar a Deus o que é de Deus!
Não há como “dar a César o que é de César” sem “dar a Deus o que é de Deus”. Para tanto os cristãos devem participar da construção da sociedade, segundo o querer de Deus. A imagem de Deus continua a ser violada em cada pessoa humana que tem a sua dignidade negada. Ao reconhecer Deus como Senhor e acolher o seu Reino, o cristão deve participar da vida política e social, com responsabilidade, sendo “sal da terra” e “luz do mundo”.
O Salmo 95, hoje meditado, nos convida a adorar e louvar o Senhor. Os povos da terra devem “dar ao Senhor poder e glória”, “a glória que é devida ao seu nome”. Através da oração e do testemunho de vida, é preciso “publicar: reina o Senhor!”, recordando que é Ele quem “julga os povos com justiça”. A segunda leitura (1Ts 1,1-5b) nos apresenta o exemplo de uma comunidade que reconhece a Deus como Senhor, a comunidade dos tessalonicenses, cuja fé, esperança e caridade, são louvadas por Paulo. O apóstolo nos ensina a “dar graças” a Deus por aquilo que Ele realiza na Igreja, como fazemos hoje, Dia Mundial das Missões.
2017
28º Domingo do Tempo Comum O Banquete do Reino
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
A liturgia da Palavra deste domingo utiliza a imagem do “banquete” para falar do Reino de Deus. O Profeta Isaías (Is 25,6-10a) anuncia o “banquete” que Deus preparou para todos os povos. O Evangelho (Mt 22,1-14) apresenta a parábola contada por Jesus sobre o “banquete” oferecido por ocasião da “festa de casamento”, ressaltando a resposta dos convidados. O significado desta imagem bíblica já está declarado logo no início do texto proclamado: “o reino dos céus é como…”. O mistério do Reino é revelado por Jesus através de parábolas, recorrendo, aqui, à imagem bíblica do “banquete”, bastante apreciada pelo povo de Deus, pois expressava o encontro fraterno, o estar juntos em paz, a alegria, a fartura de bens e a partilha. Através do “banquete”, Isaías anuncia que Deus “eliminará a morte”, “enxugará as lágrimas” e “acabará com a desonra”. Contudo, os primeiros a serem convidados para o banquete não deram atenção; ao contrário, maltrataram e mataram os que estavam convidando. Diante disso, o rei mandou buscar a todos os que se encontravam pelos caminhos. É Deus quem prepara o banquete e convida para dele participar, primeiramente, o seu povo eleito, mas também, a todos que se encontram pelos caminhos. Embora todos sejam convidados, para permanecer no banquete, exige-se o “traje de festa”.
O Reino de Deus é dom, pois o “banquete” é iniciativa dele; porém, a resposta ao convite exige postura digna, um modo de viver segundo o Evangelho, representado pela “traje de festa”. A parábola é uma advertência para todos os que aceitaram o convite, aderiram a Jesus e receberam a graça do batismo. No batismo, recebemos a “veste branca” a ser trajada para sempre, num esforço sincero de conversão e santidade. Como viver assim, diante da fragilidade humana e de tantos desafios? Paulo nos dá a resposta, na Carta aos Filipenses, hoje meditada: “Tudo posso naquele que me dá força”, ao mesmo tempo em que reconhecia, com gratidão, a solidariedade da comunidade de Filipos para com ele, que se encontrava na prisão por causa do Evangelho. Portanto, são muito necessários: a graça de Deus, o empenho de cada um e a ajuda fraterna.
Louvemos a Deus pela canonização dos Mártires do Rio Grande do Norte, neste domingo, na Basílica de S. Pedro. Os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e seus 27 companheiros foram martirizados, durante a missa, em Cunhaú e Uruaçu, no interior do Rio Grande do Norte, em 1645. Nós bendizemos a Deus por esses Santos Mártires brasileiros, suplicando a sua intercessão e procurando seguir os exemplos que eles nos deixaram!
2017
27º Domingo do Tempo Comum A Vinha do Senhor
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
A Liturgia da Palavra destaca a figura da “vinha”, frequentemente utilizada na Bíblia. O Profeta Isaías apresenta o cântico da vinha; o Salmo 80 refere-se à vinha plantada por Deus e Mateus relata a parábola dos vinhateiros maus. Segundo Isaías, da vinha plantada com cuidado e carinho, esperava-se que produzisse uvas boas, mas produziu apenas “uvas selvagens”. Ele mesmo explica o seu significado: “a vinha do Senhor é a casa de Israel e o povo de Judá, a sua dileta plantação”. As uvas a que se refere também têm a sua explicação dada pelo Profeta: “esperava deles frutos de justiça”, “esperava obras de bondade”; ao invés disso, produziu a “injustiça” e “iniquidade”.
No Evangelho, Jesus fala de um “proprietário” que “plantou uma vinha” e dela cuidou e protegeu, entregando-a a vinhateiros, esperando receber os frutos no tempo da colheita. Contudo, os vinhateiros a quem o proprietário tinha arrendado a sua vinha, ao invés de entregarem os frutos, maltrataram, apedrejaram e mataram os que foram por ele enviados, inclusive, o seu filho. A parábola se conclui com duas grandes afirmações mostrando as consequências do que estava acontecendo: a) o filho rejeitado e morto, figura de Jesus Cristo, “a pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular”; b) “o reino será entregue a um povo que produzirá frutos”, referindo-se ao Reino de Deus anunciado e acolhido pelo novo Povo de Deus. Somos nós a videira que o Senhor tem plantado e cercado de amor e proteção, esperando colher os frutos no tempo certo. Na Carta aos Filipenses, São Paulo também nos apresenta o que Deus espera de nós. Qual tem sido a nossa resposta ao amor que Deus tem por nós? Quais os frutos que temos produzido? Como tem sido a nossa acolhida a Jesus Cristo e ao Reino?
No próximo dia 12, estaremos celebrando a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, nossa Padroeira, encerrando o Ano Nacional Mariano. Participe da missa às 17 h, na Esplanada dos Ministérios, e da tradicional procissão, logo a seguir. Convide os seus familiares e amigos!
No dia 15 de outubro, na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco estará celebrando a canonização dos Mártires do Rio Grande do Norte. Em 1645, foram martirizados em Cunhaú e Uruaçu, ambas no interior do Rio Grande do Norte, os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e seus 27 companheiros, durante a celebração da missa. Eles foram beatificados pelo Papa João Paulo II no dia 05 de março de 2000. Nós bendizemos a Deus por esses Santos Mártires brasileiros, suplicando a sua intercessão e procurando seguir os exemplos que eles nos deixaram!
2017
26º Domingo do Tempo Comum Chamados a dizer “Sim”
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Estamos iniciando o mês dedicado especialmente às missões, após ter vivenciado o “mês da Bíblia”, o que nos faz recordar a relação entre a Palavra de Deus e a Missão. Quem acolhe a Palavra de Deus é chamado a compartilhar com todos a graça recebida, através do anúncio e do testemunho na vida cotidiana, como verdadeiro missionário. O Evangelho proclamado nos convida a dizer “sim” ao Senhor que nos chama para colaborar na missão evangelizadora da Igreja.
Para entender bem a parábola dos dois filhos, convidados pelo pai a trabalhar na vinha (Mt 21,28-32), é preciso ter presente como “os sumos sacerdotes e anciãos do povo” pensavam a salvação. Segundo eles, os que pertenciam ao povo eleito seriam merecedores da salvação enquanto que os demais, os pagãos, “os cobradores de impostos e as prostitutas”, citados no Evangelho, estavam excluídos do Reino de Deus. Jesus rejeita este modo de pensar, contando esta parábola justamente aos sacerdotes e anciãos do povo. A salvação é oferecida a todos. Todos podem ser admitidos no Reino de Deus. Entretanto, Deus conta com a nossa resposta. O “sim” que Deus quer não é algo que se reduz a palavras ou sentimentos. O “sim” a Deus se expressa em atitudes concretas. Pressupõe a fé e a conversão sincera. Por isso, Jesus afirma aos “sumos sacerdotes e aos anciãos do povo” que “os cobradores de impostos e as prostitutas” os “precedem no reino de Deus”, pois se arrependeram e “creram nele”.
Desde o nosso batismo e em muitas outras ocasiões, nós também respondemos “sim” a Deus. Contudo, devemos estar atentos para não descuidar do “sim” dado e acabar dizendo, de fato, um “não” a Deus, pelo modo de viver. É preciso também cuidado para não se achar melhor do que os outros ou para não se julgar merecedor da salvação mais do que os outros. Além disso, o “sim” exige fidelidade ou ao menos esforço sincero para ser o mais fiel e coerente possível. Numa sociedade em que falta fidelidade à palavra dada ou coerência com os compromissos assumidos, é grande o risco de se repetir a atitude do filho que não cumpre o “sim” dado ao Pai. Na Carta aos Filipenses, São Paulo recorda o testemunho humilde e fiel do próprio Cristo que se fez obediente ao Pai até a morte e morte de cruz (Fl 2,8).
Estamos nos aproximando da festa de Nossa Senhora Aparecida, ocasião especial para testemunhar que somos povo de Deus que caminha unido, sob a proteção materna de Maria. Por isso, vamos todos reservar o dia 12 de outubro para participar da Festa da Padroeira. No calendário das paróquias, pastorais e movimentos, estejam liberadas a tarde e a noite do dia da Padroeira para que todos possam participar da missa e da procissão na Esplanada dos Ministérios, encerrando juntos o Ano Mariano.
2017
25º Domingo do Tempo Comum Ide para a Vinha do Senhor!
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Para falar do Reino dos Céus, Jesus conta a parábola do patrão que sai em busca de trabalhadores para a sua vinha. O dono da vinha é uma figura do próprio Deus. Esta parábola ressalta a gratuidade e a generosidade do Senhor que chama trabalhadores nos diversos momentos do dia, “de madrugada” até o fim da tarde. A iniciativa é dele. É ele quem sai e vai ao encontro dos trabalhadores, oferecendo a todos a mesma oportunidade de estar na sua vinha, especialmente aos que se encontravam “desocupados”, “na praça”. Além disso, no final da jornada, ele demonstra a sua generosidade e a gratuidade do seu amor na igual recompensa oferecida aos trabalhadores contratados nos diferentes horários do dia. Os critérios do Reino de Deus não seguem a lógica dos reinos deste mundo. Por isso, os que foram contratados primeiro murmuram contra o modo de proceder do dono da vinha.
O amor de Deus não se restringe aos limites estreitos da lógica farisaica da recompensa. Os trabalhadores da primeira hora esquecem-se de que estar na vinha há mais tempo, e nela atuar, deveria ser considerado um dom, uma graça, e não um peso. Eles também não estavam sendo capazes de dar o devido valor aos que começaram a trabalhar por último, achando-se mais dignos do que eles. Essa atitude faz recordar a parábola em que o irmão mais velho reclama da acolhida generosa dada pelo Pai ao “filho pródigo”, esquecendo-se de que a sua alegria e recompensa já estavam no fato de ter permanecido o tempo todo na casa do Pai, participando dos seus bens. Quem está na “vinha” há mais tempo, já tem recebido a sua recompensa.
Esta parábola nos faz pensar no modo como os “últimos” são tratados, especialmente aqueles que chegam numa comunidade para dela participar e exercer diferentes funções pastorais, ou os que estão iniciando um caminho de conversão. A comunidade cristã deve acolher e valorizar os “últimos”. Quem está há mais tempo, merece o reconhecimento e a gratidão, mas é preciso acolher bem os que chegam e valorizar os que nela se encontram há menos tempo. Na comunidade, deve haver lugar e trabalho para todos.
O “Ide” da parábola dos vinhateiros faz pensar no “Ide” dirigido por Jesus aos discípulos, enviando-os a evangelizar. Necessitamos de discípulos dispostos a trabalhar na vinha do Senhor, participando da comunidade e sentindo-se responsáveis por ela. Faça a sua parte! Ajude a sua comunidade a ser cada vez mais fraterna e acolhedora! Ajude a sua comunidade a anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo. Para isso, faça diariamente a leitura e a meditação da Bíblia. Neste Dia da Bíblia, responda “sim” à Palavra de Deus que nos envia para trabalhar na vinha do Senhor!
2017
24º Domingo do Tempo Comum – Quantas vezes perdoar?
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Neste mês da Bíblia, continuamos a meditar o Evangelho segundo Mateus, proclamado nos domingos do Tempo Comum deste Ano Litúrgico. Estamos lendo, com a Igreja, o capítulo 18, voltado especialmente para a vida em comunidade. Jesus se dirige aos seus discípulos orientando a vida comunitária. O trecho proclamado ressalta o perdão entre irmãos (Mt 18,21-35). No último domingo, refletimos sobre a correção fraterna, sinal de amor e de responsabilidade diante do irmão que peca. Outra expressão deste mesmo amor é o perdão.
A pergunta que Pedro dirige a Jesus se refere a quantas vezes perdoar “se meu irmão pecar contra mim?” A palavra “irmão” pressupõe alguém que está na comunidade cristã e que necessita do perdão de Deus e do perdão dos irmãos. Nós suplicamos o perdão ao rezar o Pai Nosso, mostrando estar dispostos a perdoar: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido!” A parábola contada por Jesus faz pensar no modo como rezamos e vivemos a oração que Ele nos ensinou. Muita gente se dispõe a perdoar, porém, coloca condições ou limites para o perdão, o que não condiz com o ensinamento de Jesus. A resposta de Jesus “setenta vezes sete” pressupõe a disponibilidade para perdoar sempre que necessário. Quem é perdoado deve ter também “compaixão” de quem necessita do perdão. Quem se prostra aos pés do Senhor para suplicar o perdão, deve também oferecer o perdão a quem lhe ofende.
O livro do Eclesiástico, na primeira leitura, refere-se ao “rancor e a raiva” como “coisas detestáveis” que “até o pecador procura dominar”, exortando a perdoar para que, quando orarmos, os nossos pecados sejam perdoados. Nós cremos que “o Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso”, conforme rezamos com o Salmo 102. Este amor misericordioso do Senhor deve nos levar a amar os irmãos do mesmo modo que Ele nos ama. O amor caracteriza a vida nova do cristão. Ele se expressa através do perdão e também pela correção fraterna, conforme meditamos no último domingo.
Vamos refletir, hoje, a respeito da nossa vivência do amor cristão olhando especialmente para a nossa capacidade de perdoar. Se necessário, peçamos perdão a Deus e procuremos perdoar, de coração, os nossos irmãos. Sem o perdão, não há reconciliação e paz nos corações, nem haverá paz em nossas famílias e comunidades. Aproveitemos este Mês da Bíblia para conhecer e viver melhor a Palavra de Deus, fazendo a leitura orante da Bíblia e praticando o amor ao próximo. Organize o seu tempo para ler e a meditar a Palavra de Deus, a cada dia. Procure fazer isso, em família e na comunidade. Dedique mais tempo a Deus e aos irmãos!
2017
15º Domingo do Tempo Comum – A Palavra Semeada
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
O Evangelho segundo Mateus, que estamos lendo nos domingos do Tempo Comum deste ano, nos apresenta a parábola do semeador (Mt 13,1-23). Com o seu característico estilo catequético, Mateus organiza a narrativa em três partes: a) a parábola do semeador (v. 3-9); b) a finalidade das parábolas (v. 10-17); c) a explicação desta parábola (v. 18-23).
Esta parábola põe em relevo a ação de Deus que semeia por toda parte e, ao mesmo tempo, a importância do terreno que acolhe a semente. Quando há “terra boa”, isto é, quando a palavra é ouvida e compreendida, a semente frutifica. Daí, a insistência sobre a atitude de “escutar e compreender”, ao falar da finalidade das parábolas. Aos discípulos, é “dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus”, transmitido pelas parábolas, porque sendo discípulos, escutam, compreendem e acolhem a Palavra. Aqueles que não creem em Jesus, fechados em seu “coração insensível”, “olham, mas não veem”; “ouvem, mas não escutam”. As parábolas são obscuras para aqueles que não têm a abertura de coração ou disponibilidade para escutar e acolher a palavra de Jesus. Aparece uma séria advertência a respeito das consequências do pouco que se tem na escuta e acolhida da Palavra: a pessoa que tem, receberá cada vez mais; quem pouco tem, acabará perdendo o pouco que pensa ter. Apesar de ressaltar o fechamento e a rejeição, Mateus apresenta como felizes não apenas os “olhos que veem”, mas também os “ouvidos que escutam”.
Por fim, na explicação da parábola do semeador, é destacada a força da Palavra semeada. Apesar dos obstáculos (pássaros, terreno pedregoso, espinhos), no final, a colheita é abundante, embora diversificada. A força da semente, fecundada por Deus, é também ressaltada pelo profeta Isaías (Is 55,10-11), recorrendo à imagem da chuva que cai do céu, tão esperada pelos agricultores para fecundar as sementes colocadas na terra. Deus não é apenas o semeador; é quem torna fecundas as sementes, fazendo-as produzir muitos frutos.
Na Carta aos Romanos (Rm 8,18-23), S. Paulo usa a imagem do “parto” para falar da nova criação, “libertada da escravidão da corrupção”, que aguardamos ansiosamente. A nova criação é dom de Deus, que deve ser acolhido mediante a escuta e vivência da sua Palavra. Em resposta à Palavra meditada, somos convidados a ser a “terra boa”, que ouve, compreende e acolhe o que Deus nos fala, rezando o salmo 64, que pode ser chamado o canto da colheita: “A semente caiu em terra boa e deu fruto!”.
2017
14º Domingo do Tempo Comum – Manso e Humilde
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
O Evangelho nos traz a esperança e a paz que jorram do coração de Jesus ‘manso e humilde’. O convite que ele dirige aos pequeninos e sofredores daquele tempo continua a ecoar hoje. A sua palavra se destina a todos nós, especialmente aos “cansados e fatigados sob o peso dos fardos”, aos sofredores que necessitam de descanso em meio a tantas situações difíceis.
Encontram descanso os pequeninos, pessoas humildes e sofridas, pois no coração dos que se julgam “sábios e inteligentes”, grandes e poderosos, não ha lugar para Deus. Os fariseus e doutores da lei se consideravam justos e donos da verdade porque conheciam os inúmeros preceitos da Lei e alegavam cumpri-los rigorosamente. Por isso, não acolhiam a boa nova proclamada por Jesus. Eles julgavam condenados e indignos da salvação os que não conseguiam conhecer e cumprir os grande número de mandamentos, dentre os quais, pessoas com fama de pecadores públicos e tantos marginalizados em função de enfermidades, origem estrangeira ou outra condição. Ao contrário dos fariseus, muitos deles acolheram Jesus e passaram a segui-lo, integrando o grupo dos “pequeninos”, aos quais é revelado o Reino de Deus, motivo do louvor que Jesus dirige ao Pai.
Naquele tempo, entre os fariseus, a imagem do “jugo” era aplicada a Lei, devendo ser carregado, de bom grado, através do seu minucioso cumprimento. Pela rigidez dos doutores da lei, este jugo tornava-se ainda mais pesado para os pequeninos que não conseguiam conhecer e cumprir seus 613 preceitos. Ao contrário, o “jugo” de Jesus é leve, trazendo “descanso” para os que o recebem.
Entretanto, o repouso oferecido por Jesus não implica em comodismo ou passividade. Ser cristão manso e humilde de coração não condiz com vida fácil. São Paulo, grande defensor da nova lei e critico dos fariseus, exorta a uma vida nova, a vida “segundo o espírito” e não “segundo a carne”. Nós necessitamos continuamente da graça de Deus para viver segundo o Espírito. Contudo, a confiança na graça não exclui o esforço sincero de cada um, a atitude permanente de conversão, como resposta ao amor de Deus e ao dom do Reino.
O mundo de hoje, marcado pela busca do poder, do dinheiro e da fama, necessita do testemunho de fé e de simplicidade de vida dos “pequeninos” que encontram “descanso” no coração “manso e humilde” de Jesus. A profecia de Zacarias apresenta a imagem do Messias “humildemente montado num jumentinho”, portador de paz e esperança. Em nosso tempo, em meio a tanta mania de grandeza e conflitos, somos convidados a acolher e a seguir aquele que nos traz a simplicidade, o descanso e a paz, sendo mansos e humildes de coração, com Jesus e como Jesus.
2017
Solenidade de São Pedro e São Paulo
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
A solenidade dos apóstolos São Pedro e São Paulo, prevista para o dia 29 de junho, no calendário universal da Igreja, é transferida para o domingo seguinte, no Brasil, quando esse dia ocorrer durante a semana, para que todos possam participar da celebração eucarística, pela extraordinária importância destes grandes Apóstolos no passado e no presente da Igreja. Por isso, celebramos neste domingo esta solenidade, louvando a Deus pela vida e a missão de São Pedro e São Paulo, especialmente, pelo martírio de ambos, testemunhando a fé em Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, iluminados pela Palavra de Deus, somos chamados a imitar os exemplos que eles nos deixaram.
A figura de Pedro é destacada pelos Atos dos Apóstolos (At 12,1-11). Ele se encontrava na prisão, por anunciar o Evangelho, mas foi libertado pelo Senhor. Deus sustenta com a sua graça os que são perseguidos por serem testemunhas do Evangelho. Conforme o Salmo 33, “o anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o temem e os salva”; por isso, “é feliz o homem que tem nele o seu refúgio”. A 2ª Carta de São Paulo a Timóteo nos apresenta o testemunho de Paulo, também perseguido e preso por causa da pregação do Evangelho, ressaltando a sua confiança em Deus, naquela situação tão difícil (2Tm 4,17-18).
A fé, por eles anunciada e testemunhada através do martírio, foi proclamada por Pedro: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). Esta fé fundamenta e sustenta a vida da Igreja, ao longo dos séculos. A proclamação desta passagem nesta celebração nos recorda que a confissão de fé de Pedro não se restringiu a palavras, mas foi testemunhada pela doação da própria vida. Diante da sua confissão de fé, Jesus lhe dirigiu a palavra que fundamenta a missão exercida por ele e por seus sucessores, na Igreja: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19).
Por isso, celebramos o Dia do Papa, nesta solenidade. Rezemos pelo Sucessor de Pedro, o Papa Francisco, a exemplo dos primeiros cristãos que estavam unidos a Pedro, em oração: “A Igreja rezava continuamente a Deus por ele” (At 12,5). Hoje, também, somos convidados a permanecer unidos ao Santo Padre, rezando por ele. Como sinal de comunhão e de partilha, oferecemos, nas missas desta Solenidade, o Óbolo de São Pedro, oferta a ser enviada ao Papa para atender às necessidades da Igreja.