Habemus Papam

Papa João Paulo II em sua primeira aparição aos fiéis da Praça São Pedro

 

No dia 06 de agosto de 1978, após 15 anos de Pontificado, morre, vítima de um ataque cardíaco, o Papa Paulo VI. Assim, a Igreja convoca os bispos para o Conclave, a fim de elegerem o novo sucessor de Pedro.

Conclave é a reunião dos cardeais da Igreja Católica para eleger um novo Papa. A palavra “conclave”, do latim, quer dizer “com chave”, vem do fato de que, antigamente, quando os cardeais que iam eleger um novo Papa ficavam trancados com chave na Capela Sistina, ou outro local, até que um novo Pontífice fosse eleito. Ficavam totalmente sem comunicação com o povo.

Albino Luciani era o Patriarca de Veneza quando, com 65 anos, foi eleito Papa, em 26 de agosto de 1978, na terceira votação do Conclave que se seguiu à morte do Papa Paulo VI, superando o cardeal considerado “ultraconservador” Giuseppe Siri – favorito ao trono de São Pedro, de acordo com a imprensa – por 99 votos a 11. Segundo conta-se, a princípio, um atônito Luciani teria declinado de aceitar o pontificado, mas fora persuadido do contrário pelo cardeal holandês Johannes Willebrands, que estava sentado a seu lado na Capela Sistina. Para isso, ter-lhe-ia dito: “Coragem. O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo”.

Escolheu o nome de João Paulo (Ioannes Paulus, pela grafia em latim) para homenagear seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Morreu na madrugada de 28 de Setembro de 1978, entre 23h 30 min e 4h 30min da manhã, no Palácio Apostólico do Vaticano. Na época do Conclave, o cardeal britânico Basil Hume, um de seus eleitores, chamou João Paulo I de “o candidato de Deus”. A figura de João Paulo I na Igreja Católica sempre foi a de um papa afável, tendo, por isso, recebido a alcunha de “O Papa Sorriso”.

Reza uma lenda que João Paulo I teria feito uma premonição sobre sua morte, ao afirmar a conhecidos que “alguém mais forte que eu, e que merece estar neste lugar, estava sentado à minha frente durante o conclave”. Um cardeal presente na ocasião – que preferiu escudar-se no anonimato – confirmou que esse homem era, de fato, o polaco Karol Wojtyla. “Ele virá, porque eu me vou”, prosseguiu o Papa João Paulo I. Curiosamente, Wojtyla realmente votara em Luciani naquele Conclave.

Contudo, um segundo conclave seria realizado no ano de 1978, em outubro, este convocado após a precoce morte do Papa João Paulo I, ocorrida após tão somente 33 dias de sua eleição. Pouco mais de dois meses após reunir-se para definir o sucessor de Paulo VI, todos os cardeais com menos de 80 anos de idade tiveram de se encerrar na Capela Sistina e de lá não sair até que um novo pontífice fosse escolhido.

O segundo conclave de 1978 começou em 14 de outubro, dez dias após o funeral do Papa João Paulo I. Foi dividido entre dois fortes candidatos ao papado: Cardeal Giuseppe Siri, o conservador Arcebispo de Gênova, e o liberal Arcebispo de Florença, Cardeal Giovanni Benelli, um colaborador próximo de João Paulo I.

Os defensores da Benelli estavam confiantes de que ele seria eleito, e no início da votação, Benelli estava com nove votos. Entretanto, a magnitude da oposição a ambos significava que possivelmente nenhum deles receberia os votos necessários para ser eleito, e o Cardeal Franz König, Arcebispo de Viena, individualmente sugeriu a seus colegas eleitores um candidato de compromisso: o Cardeal polonês, Karol Józef Wojtyła, que aos 58 anos foi considerado jovem pelos padrões papais, finalmente ganhou a eleição na oitava votação no segundo dia, de acordo com a imprensa italiana, com 99 votos dos 111 eleitores participantes.

Em seguida, ele escolheu o nome de João Paulo II, em homenagem ao seu antecessor, e a tradicional fumaça branca informou a multidão reunida na Praça de São Pedro, que um papa havia sido escolhido. Ele aceitou sua eleição com essas palavras: “Com obediência na fé em Cristo, meu Senhor, e com confiança na Mãe de Cristo e da Igreja, apesar das grandes dificuldades, eu aceito.”.

Quando o novo pontífice apareceu na varanda, ele quebrou a tradição, dizendo à multidão reunida:

“Queridos irmãos e irmãs, todos estamos ainda tristes com a morte do querido papa João Paulo I. E agora os eminentíssimos Cardeais chamaram um novo Bispo de Roma. Chamaram-no de um país distante… Distante, mas sempre muito próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao receber esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor e com a confiança total na sua Mãe, a Virgem Santíssima. Não sei se posso expressar-me bem na vossa… na nossa língua italiana. Se eu cometer um erro, por favor ‘korrijam’ [sic] me..”

Wojtyła tornou-se o 264º Papa de acordo com a ordem cronológica lista dos Papas e o primeiro papa não-italiano em 455 anos. Com apenas 58 anos de idade, ele foi o mais jovem papa eleito desde Pio IX em 1846, que tinha 54 anos.

Assim como seu antecessor imediato, João Paulo II dispensou a tradicional coroação papal e, em vez disso, recebeu a investidura eclesiástica que simplificou a cerimônia de posse papal, em 23 de outubro de 1978. Durante a sua posse, quando os cardeais estavam a ajoelhar-se diante dele para tomar seus votos e beijar o Anel do Pescador, ele levantou-se quando o prelado polonês, Cardeal Stefan Wyszyński, ajoelhou-se, interrompeu-o e simplesmente deu-lhe um abraço.

Escolheu o brasão abaixo, tão conhecido por nossa comunidade paroquial, e iniciou sua jornada papal, missão que cumpriria por quase 27 anos.

Brasão do Papa João Paulo II
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