O início da vida de Karol Józef Wojtyła

Karol Józef Wojtyła nasceu em Wadowice, uma pequena localidade ao sul da Polônia, a 50 km de Cracóvia, sendo o mais novo dos três filhos de Karol Wojtyła, um polonês, e de Emilia Kaczorowska, que é descrita como tendo ascendência lituana e, possivelmente, ucraniana.

Karol foi batizado em 25 de junho de 1920, com menos de um mês de vida. Aos 9 anos fez a Primeira Comunhão e, aos 18, recebeu o sacramento do Crisma.

Emília morreu em 13 de abril de 1929, aos 45 anos, quando Karol Józef Wojtyła tinha 8 anos de idade. Sua irmã mais velha, Olga, já tinha morrido antes de seu nascimento, e ele ficou muito próximo de seu irmão Edmund, que era 14 anos mais velho e mais conhecido por Mundek. O seu trabalho como médico eventualmente o levaria à morte por escarlatina, o que deixou Karol Józef Wojtyła muito abalado.

Ainda garoto, Karol Józef Wojtyła demonstrou interesse pelos esportes, geralmente jogando futebol na posição de goleiro. Durante a sua adolescência, ele teve contato com a grande comunidade judaica de Wadowice e os jogos de futebol eram disputados entre os times de judeus e católicos, com Wojtyła muitas vezes jogando ao lado dos judeus.

Em meados de 1938, Karol Józef Wojtyła e seu pai deixaram Wadowice e se mudaram para Cracóvia, onde ele se matriculou na Universidade Jaguelônica. Enquanto ele se dedicava ao estudo de tópicos como filologia (estudo da linguagem em fontes históricas escritas) e diversas línguas na universidade, Karol também se prontificou como voluntário na biblioteca, além de ter sido obrigado a participar no alistamento obrigatório, servindo na chamada “Legião Acadêmica”, tendo, contudo, ele se recusado a atirar.

Ele ainda participou de diversos grupos teatrais, atuando principalmente como dramaturgo. Foi nesta época que o seu talento para as línguas floresceu e ele aprendeu 12 línguas diferentes, 09 das quais ele usaria extensivamente no futuro como papa.

Karol Wojtyła em sua primeira comunhão
Em 1939, as forças de ocupação da Alemanha Nazista fecharam a Universidade Jaguelônica após a invasão da Polônia no início da Segunda Guerra Mundial. Todos os homens capazes foram obrigados a trabalhar e, assim, de 1940 até 1944, Karol trabalhou em empregos tão diversos como mensageiro para um restaurante, operário numa mina de calcário e para a indústria química Solvay, tudo isso para evitar ser deportado para a Alemanha. Seu pai, um suboficial no Exército da Polônia, morreu de ataque cardíaco em 1941, deixando Karol como o último sobrevivente de seu grupo familiar imediato. “Eu não estive presente na morte de minha mãe, nem na do meu irmão e nem na do meu pai”, ele disse, refletindo sobre esta época de sua vida, quase quarenta anos depois. “Aos vinte, eu já tinha perdido todos os que amava”.

Após a morte de seu pai, ele começou a considerar seriamente a ideia do sacerdócio. Em outubro de 1942, Karol bateu às portas do palácio arcebispal de Cracóvia e pediu para estudar. Logo em seguida ele começou a ter aulas no seminário clandestino comandado pelo arcebispo de Cracóvia, Adam Stefan Sapieha.

Em 29 de fevereiro de 1944, Karol foi atropelado por um caminhão da Wehrmacht. O oficial alemão da Wehrmacht socorreu-o e o enviou para um hospital, onde Karol passou duas semanas se recuperando de uma concussão séria e um ferimento nos ombros. Para ele, o acidente e a sua sobrevivência foram a confirmação de sua vocação. Em 6 de agosto de 1944, o chamado “Domingo Negro”, a Gestapo juntou os homens de Cracóvia para evitar uma rebelião similar à anterior, ocorrida em Varsóvia. Karol escapou se escondendo no porão da casa de um tio na rua Tyniecka, número 10, enquanto as tropas alemãs vasculhavam os andares superiores. Mais de oito mil homens e rapazes foram levados presos naquele dia, mas Karol conseguiu escapar para o palácio do arcebispo, onde ele permaneceria até a retirada dos alemães.

Na noite de 17 de janeiro de 1945, os alemães fugiram da cidade e os estudantes puderam retomar o então arruinado seminário. Karol e outros seminaristas ofereceram-se para limpar pilhas de imundices congeladas que se acumularam nas latrinas. Karol também ajudou uma garota judia de 14 anos chamada Edith Zierer, que tinha fugido de um campo de trabalho alemão em Częstochowa. Edith havia desmaiado na plataforma de trens e Karol a carregou e ficou com ela durante toda a viagem até Cracóvia. Ela afirma que Karol salvou-lhe a vida naquele dia. A organização judaica B’nai B’rith afirma que Karol ajudou a proteger muitos outros judeus poloneses dos nazistas, além de ter priorizado a amizade com os judeus.

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