29º Domingo do Tempo Comum Dai a Deus, o que é de Deus!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

Celebramos, hoje, com toda a Igreja, o Dia Mundial das Missões, com o tema “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” e o lema: “Juntos na missão permanente”. Rezemos pelos missionários e missionárias presentes no mundo inteiro. Agradeçamos a Deus pelos inúmeros irmãos e irmãs que tem colaborado generosamente nas Visitas Missionárias, em nossa Arquidiocese. Como sinal de comunhão e corresponsabilidade, realiza-se hoje a coleta para as Missões, a ser enviada integralmente às Pontifícias Obras Missionárias para sustentar o trabalho missionário nas regiões mais carentes. Reze e participe da coleta missionária! Lembre-se que você também é chamado a ser missionário, através do testemunho cristão na vida cotidiana!

A Liturgia da Palavra deste 29º Domingo do Tempo Comum proclama que Deus é o Senhor da vida e da história e que o reconhecimento disso deve nos levar a “dar a Deus o que é de Deus!” O profeta Isaías proclama a soberania de Deus na história; não há outro deus ou senhor fora dele (Is 45,5). No episódio narrado por Mateus (Mt 22,15-21), Jesus supera a armadilha colocada pelos fariseus indo muito além da questão do pagamento dos impostos. Deus não pode ser substituído por César ou por ídolos que querem tomar o seu lugar, dominando as pessoas. As moedas romanas tinham a imagem de César: que sejam dadas a César! Na pessoa humana, está inscrita a imagem e semelhança de Deus, pois ao criar o homem, Deus disse: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança…” Por isso, o homem pertence a Deus, seu verdadeiro e único Senhor. É preciso dar a Deus o que é de Deus!

Não há como “dar a César o que é de César” sem “dar a Deus o que é de Deus”. Para tanto os cristãos devem participar da construção da sociedade, segundo o querer de Deus. A imagem de Deus continua a ser violada em cada pessoa humana que tem a sua dignidade negada. Ao reconhecer Deus como Senhor e acolher o seu Reino, o cristão deve participar da vida política e social, com responsabilidade, sendo “sal da terra” e “luz do mundo”.

O Salmo 95, hoje meditado, nos convida a adorar e louvar o Senhor. Os povos da terra devem “dar ao Senhor poder e glória”, “a glória que é devida ao seu nome”. Através da oração e do testemunho de vida, é preciso “publicar: reina o Senhor!”, recordando que é Ele quem “julga os povos com justiça”. A segunda leitura (1Ts 1,1-5b) nos apresenta o exemplo de uma comunidade que reconhece a Deus como Senhor, a comunidade dos tessalonicenses, cuja fé, esperança e caridade, são louvadas por Paulo. O apóstolo nos ensina a “dar graças” a Deus por aquilo que Ele realiza na Igreja, como fazemos hoje, Dia Mundial das Missões.

28º Domingo do Tempo Comum O Banquete do Reino

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A liturgia da Palavra deste domingo utiliza a imagem do “banquete” para falar do Reino de Deus. O Profeta Isaías (Is 25,6-10a) anuncia o “banquete” que Deus preparou para todos os povos. O Evangelho (Mt 22,1-14) apresenta a parábola contada por Jesus sobre o “banquete” oferecido por ocasião da “festa de casamento”, ressaltando a resposta dos convidados. O significado desta imagem bíblica já está declarado logo no início do texto proclamado: “o reino dos céus é como…”. O mistério do Reino é revelado por Jesus através de parábolas, recorrendo, aqui, à imagem bíblica do “banquete”, bastante apreciada pelo povo de Deus, pois expressava o encontro fraterno, o estar juntos em paz, a alegria, a fartura de bens e a partilha. Através do “banquete”, Isaías anuncia que Deus “eliminará a morte”, “enxugará as lágrimas” e “acabará com a desonra”. Contudo, os primeiros a serem convidados para o banquete não deram atenção; ao contrário, maltrataram e mataram os que estavam convidando. Diante disso, o rei mandou buscar a todos os que se encontravam pelos caminhos. É Deus quem prepara o banquete e convida para dele participar, primeiramente, o seu povo eleito, mas também, a todos que se encontram pelos caminhos. Embora todos sejam convidados, para permanecer no banquete, exige-se o “traje de festa”.

O Reino de Deus é dom, pois o “banquete” é iniciativa dele; porém, a resposta ao convite exige postura digna, um modo de viver segundo o Evangelho, representado pela “traje de festa”. A parábola é uma advertência para todos os que aceitaram o convite, aderiram a Jesus e receberam a graça do batismo. No batismo, recebemos a “veste branca” a ser trajada para sempre, num esforço sincero de conversão e santidade. Como viver assim, diante da fragilidade humana e de tantos desafios? Paulo nos dá a resposta, na Carta aos Filipenses, hoje meditada: “Tudo posso naquele que me dá força”, ao mesmo tempo em que reconhecia, com gratidão, a solidariedade da comunidade de Filipos para com ele, que se encontrava na prisão por causa do Evangelho. Portanto, são muito necessários: a graça de Deus, o empenho de cada um e a ajuda fraterna.

Louvemos a Deus pela canonização dos Mártires do Rio Grande do Norte, neste domingo, na Basílica de S. Pedro. Os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e seus 27 companheiros foram martirizados, durante a missa, em Cunhaú e Uruaçu, no interior do Rio Grande do Norte, em 1645. Nós bendizemos a Deus por esses Santos Mártires brasileiros, suplicando a sua intercessão e procurando seguir os exemplos que eles nos deixaram!

27º Domingo do Tempo Comum A Vinha do Senhor

+ Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Brasília

A Liturgia da Palavra destaca a figura da “vinha”, frequentemente utilizada na Bíblia. O Profeta Isaías apresenta o cântico da vinha; o Salmo 80 refere-se à vinha plantada por Deus e Mateus relata a parábola dos vinhateiros maus. Segundo Isaías, da vinha plantada com cuidado e carinho, esperava-se que produzisse uvas boas, mas produziu apenas “uvas selvagens”. Ele mesmo explica o seu significado: “a vinha do Senhor é a casa de Israel e o povo de Judá, a sua dileta plantação”. As uvas a que se refere também têm a sua explicação dada pelo Profeta: “esperava deles frutos de justiça”, “esperava obras de bondade”; ao invés disso, produziu a “injustiça” e “iniquidade”.

No Evangelho, Jesus fala de um “proprietário” que “plantou uma vinha” e dela cuidou e protegeu, entregando-a a vinhateiros, esperando receber os frutos no tempo da colheita. Contudo, os vinhateiros a quem o proprietário tinha arrendado a sua vinha, ao invés de entregarem os frutos, maltrataram, apedrejaram e mataram os que foram por ele enviados, inclusive, o seu filho. A parábola se conclui com duas grandes afirmações mostrando as consequências do que estava acontecendo: a) o filho rejeitado e morto, figura de Jesus Cristo, “a pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular”; b) “o reino será entregue a um povo que produzirá frutos”, referindo-se ao Reino de Deus anunciado e acolhido pelo novo Povo de Deus. Somos nós a videira que o Senhor tem plantado e cercado de amor e proteção, esperando colher os frutos no tempo certo. Na Carta aos Filipenses, São Paulo também nos apresenta o que Deus espera de nós. Qual tem sido a nossa resposta ao amor que Deus tem por nós? Quais os frutos que temos produzido? Como tem sido a nossa acolhida a Jesus Cristo e ao Reino?

No próximo dia 12, estaremos celebrando a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, nossa Padroeira, encerrando o Ano Nacional Mariano. Participe da missa às 17 h, na Esplanada dos Ministérios, e da tradicional procissão, logo a seguir. Convide os seus familiares e amigos!

No dia 15 de outubro, na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco estará celebrando a canonização dos Mártires do Rio Grande do Norte. Em 1645, foram martirizados em Cunhaú e Uruaçu, ambas no interior do Rio Grande do Norte, os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e seus 27 companheiros, durante a celebração da missa. Eles foram beatificados pelo Papa João Paulo II no dia 05 de março de 2000. Nós bendizemos a Deus por esses Santos Mártires brasileiros, suplicando a sua intercessão e procurando seguir os exemplos que eles nos deixaram!

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